Maicon Telles Szczygel e Aline Bertoncello são discentes do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, respectivamente do Mestrado e do Doutorado, que pesquisam diretamente questões indígenas. Seus estudos, em etapas diferentes do stricto sensu, tem como objetivo compreender a cultura desses povos, e por meio do seu registro na paisagem, manter registrada a história e a cultura dos povos originários da América Latina. 

Entre os dias 13 de janeiro e 1 de fevereiro, os acadêmicos estiveram na Ilha Martín García, na Argentina, para um intercâmbio junto ao Instituto Nacional de Antropología y Pensamiento Latinoamericano (INAPL). A proposta de visitar o país vizinho e participar da escavação arqueológica surgiu por meio de uma parceria de longa data entre o professor Daniel Loponte, pesquisador vinculado ao Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet), e o Centro de Memória do Oeste, coordenado pela professora Mirian Carbonera. Os docentes integram a equipe do Assa Program (Archaelology of southeastern South America).

Oportunidade ímpar para que os acadêmicos tivessem contato ainda mais profundo com a temática que pesquisam, a ideia do intercâmbio foi recebida com muita alegria. Além do CEOM, os alunos também contaram o apoio da Coordenadora do PPGCA, professora Liz Girardi Muller, e da Assessora de Relações Internacionais da Unochapecó (ARNI), Liana Sonza.

Szczygel explica que a ilha está situada próxima à Foz do Rio Uruguai, sendo registrado como o lugar mais ao sul ao ser ocupada pelos Guarani pré-coloniais. O mestrando define a experiência como magnífica, por poder conhecer um novo país e uma nova cultura, e sobretudo realizar uma escavação arqueológica internacional. “A pesquisa em arqueologia é muito mais do que resgatar vestígios do ser humano no tempo, é olhar para o passado para tentar interpretar o nosso presente e olhar adiante com um olhar mais atencioso ao nosso futuro”, conclui Szczygel. 

Aline Bertoncello, doutoranda, conta que a importância da atividade se dá também na perspectiva de conhecer outro contexto arqueológico e ter contato com a realidade de outro país. Além disso, a pesquisa expande abordagens já iniciadas por outros pesquisadores.

“Algo muito interessante nessa pesquisa, é que a Ilha é um sítio arqueológico de ocupação pré-colonial Guarani. Esses grupos tiveram sua origem na Amazônia e ao longo de dois mil anos começaram a se expandir para o sul, inclusive ocuparam grande parte do rio Uruguai que passa por Santa Catarina. Existem antecedentes de pesquisa arqueológica na Ilha, a doutora Maria Isabel Capparelli realizou sua tese com os estudos das ocupações daquela área, com o título ‘Estudio de las ocupaciones indígenas prehispánicas en la Isla Martín García, Argentina’”, diz.

 

* texto: Angélica Albuquerque, estagiária de Jornalismo sob supervisão da jornalista Leticia Sechini.