Estudantes de Agronomia acompanham o dia a dia de famílias agricultoras

Experiência no campo
Texto Ana Paula Dornelles*


Durante a graduação, os estudantes têm a oportunidade de vivenciar diferentes experiências e, além disso, possuem a chance de olhar para a comunidade de uma forma mais humana. Os acadêmicos de Agronomia da Unochapecó sabem bem o que isso significa. Durante a realização de estágios na disciplina Estudos e Vivência Ativa (EVA), os acadêmicos do quarto e quinto períodos visitam municípios do Sul do país para conhecer a realidade local e auxiliar na busca por melhorias. Neste ano, as cidades contempladas foram Nonoai e Rio dos Índios, no Rio Grande do Sul. A atividade é uma parceria entre Universidade, órgãos públicos e comunidade.

O projeto divide-se em três etapas. A primeira acontece sempre no início de julho, quando os estudantes ficam 15 dias em residências de famílias agricultoras para vivenciar e auxiliar nos trabalhos diários. A partir disso, cada acadêmico elabora um relatório, chamado de 'Livro da História da Família', em que é apresentado o histórico e a situação atual da família e da propriedade. É nesta etapa que realiza-se um resgate histórico da estruturação do local e de seus moradores, com o intuito de compreender quais motivos os levaram à situação que se encontram atualmente. Este relatório é posteriormente entregue aos agricultores responsáveis pela acolhida do estudante.

Para o acadêmico de Agronomia, Marcelo Tozi Bertó, que vivenciou essa experiência, o início assustou um pouco, principalmente por não ter ideia de como seria a família que iria hospedá-lo. "Nos primeiros dias foi um pouco tenso a vivência com a família, principalmente por não me conhecerem e eu também não os conhecer. Se percebia que as conversas eram mais sérias, com um pouco de receio de ambas as partes em relação a possíveis assuntos que poderiam constranger alguém", comenta.

Mas depois de alguns dias, tudo se tornou mais fácil e Marcelo passou a se sentir em casa. "Com o passar dos dias a vivência melhorou, mais descontraída, menos receio, me tratavam como filho, mandavam fazer as tarefas não exaustivas, tais como 'Marcelo, leva as vacas para mim lá no pasto', ou 'leva silagem ali para as vacas'. Atividades que eu fazia com muito gosto", complementa o estudante.

 

Próximos passos

Agora, os acadêmicos retornarão à atividade no mês de maio do ano que vem, realizando a segunda etapa do estágio. Nesse momento, a partir das informações obtidas nesta primeira etapa, os estudantes realizarão uma avaliação técnica e econômica da unidade de produção familiar em seu último ano agrícola. Durante esse tempo, cada um deles ficará mais sete dias com as famílias de agricultores. Além da coleta de dados para avaliação técnica e econômica da unidade de produção familiar, o estudante terá o compromisso de realizar outras atividades, com o intuito de auxiliar os agricultores.

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Por fim, a terceira etapa será realizada no semestre subsequente. Dessa vez, os estudantes terão a função de elaborar um projeto de investimentos à família que os recebeu nas etapas anteriores. Este projeto é definido por um diálogo entre estudantes e agricultores, a partir de avaliações até então realizadas. Nesta etapa, também, é a vez dos agricultores serem recebidos na Unochapecó, onde todos terão a oportunidade de passar um dia na Instituição, para conhecer tudo que acontece e tem por aqui.

De acordo com o professor do curso de Agronomia, Celso Zarpellon,  o acadêmico do curso possui a missão de aumentar a produção e a qualidade dos alimentos, assim como auxiliar na preservação ambiental e na melhoria de vida dos produtores. Para isso, é necessário que o estudante conheça a realidade dos agricultores, identificando problemas e encontrando soluções. "Para conhecer na sua profundidade, nada melhor que conviver com este produtor acompanhando sua rotina tanto nas questões econômicas como nas sociais. Além da convivência, o estagiário aprende a fazer contas reais (do produtor), dá uma palestra com título escolhido pelo produtor na comunidade em que a família está inserida e também faz um projeto de investimento para o produtor, considerando seus recursos escassos como de mão de obra, de terra e de capital", explica.

Já para os acadêmicos que vivenciam toda essa experiência é enriquecedor conhecer cada família e a realidade na qual estão inseridas. "O estágio foi muito gratificante, me proporcionou a visão de como é o funcionamento de uma família de agricultores produtiva, organizada e trabalhadora, que enfrentou grandes dificuldades no início e soube vencê-las, sempre com união e trabalho", conclui Marcelo.

 

EVA

O projeto que iniciou em 1995, já proporcionou a realização de estágios em 28 municípios do Oeste catarinense e neste ano, pela primeira vez, em dois municípios do Rio Grande do Sul. As cidades atendidas até o momento foram: Saudades, Coronel Freitas, Caxambu do Sul, Irati, Passos Maia, São Carlos, Palmitos, Ponte Serrada, Seara, Planalto Alegre, Guatambu, Quilombo, Novo Horizonte, Cordilheira Alta, Nova Itaberaba, Águas Frias, Pinhalzinho, Nova Erechim, Lageado Grande, Xaxim, Lindóia do Sul, Caibi, São Domingos, União do Oeste, Galvão, Jupiá, Águas de Chapecó, Arvoredo, Nonoai e Rio dos Índios.

Esses 23 anos de atividade, já proporcionaram mais estímulo às comunidades rurais e valorização das famílias agricultoras. Além disso, os projetos de investimento não apenas possibilitaram a implementação de novas atividades geradoras de renda, mas também, melhorias nas já existentes. Para o professor Celso, essa atividade não beneficia apenas os acadêmicos, mas também toda a comunidade que participa da ação. "Para a comunidade a presença do estagiário revigora seus objetivos e a vontade de viver, onde há uma troca de conhecimentos com aprendizagem mútua. O produtor trata o estagiário como um filho, e vice-versa. Estreita-se as relações de amizade que, naturalmente, fica para toda a vida", finaliza.

 

*Estagiária, sob supervisão de Jessica De Marco  

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