Presente na grade curricular dos cursos de graduação da Unochapecó, a Aprendizagem Baseada em Experiências tem a missão de inserir demandas reais do mercado de trabalho e da sociedade na sala de aula. Antes mesmo do diploma, os alunos têm contato com os desafios que encontrarão na carreira, sejam eles de rotina da profissão ou de relevância na comunidade em que vivem. Assim, as ABEx desenvolvem proficiência e habilidades sociais na mesma medida. Na turma do quinto período de Engenharia Elétrica, a missão ABEx está sendo cumprida. 

Neste semestre, os acadêmicos estão desenvolvendo um projeto em parceria com a Associação de Surdos de Chapecó, através de demanda apresentada ao hub de inovação do Pollen Parque. O objetivo é desenvolver um anteprojeto de um sistema eletrônico para identificação visual dos horários de início, intervalo e fim das aulas. O alerta irá funcionar por meio de um sistema eletrônico, microprocessado, programável e sinalizado através de cores. Além disso, o sistema será de baixo custo para a Associação.

A atividade está em andamento na disciplina de ‘ABEx V: Qualidade nas Instalações Elétricas Industriais II’, e deve ocupar também o próximo semestre, no terceiro módulo da disciplina. A primeira etapa para realização da ABEx foi de visita ao espaço da Associação de Surdos, para avaliação dos requisitos, medições e entendimento das expectativas e problemáticas do espaço. A visita foi realizada no dia 17 de março.

Com base nisso, a turma realizou um projeto de modelagem matemática, que representa o funcionamento dos componentes eletroeletrônicos através de equações. Na etapa seguinte, o sistema passa por simulações de computador e pelas adaptações necessárias, para só então ser montado em laboratório sobre uma matriz de contato, o Protoboard, que recebe todos os componentes físicos. Funcionando, o projeto vira um protótipo, mais próximo do que será instalado na Associação de Surdos. 

Para a professora Diana Martinello, que ministra a disciplina neste semestre, parcerias como essa não impactam somente na formação profissional. O envolvimento dos acadêmicos no projeto, de acordo com a docente, tem sido de interesse e motivação, já que eles se sentem capazes de trazer mais inclusão para a vida das pessoas com deficiência, nesse caso, auditiva. Diante do desafio de se comunicar com os usuários, os alunos também foram proativos: a escolha deles foi de cursar a disciplina de Libras como eletiva no semestre. 

“Desde o primeiro momento em que apresentamos a temática em sala de aula, mostrando um pouco mais sobre o mundo da inclusão e as dificuldades que os surdos enfrentam no dia a dia. Especialmente, mostrando que pequenas adaptações voltadas ao meio tecnológico, desde adaptação de equipamentos ou ambientes com sinalização, faz total diferença no cotidiano e no desempenho das pessoas surdas, e que eles podem causar esse impacto positivo”, garante.

Para o coordenador do curso de Engenharia Elétrica, professor Ademar Tibola, o impacto social da ABEx é motivo de inspiração. O contato com realidades diferentes traz sensibilização para temas como a adaptação às normas técnicas e a transformação constante das cidades de acordo com a necessidade das pessoas. 

“Enquanto estudantes, eles poderão aplicar os conhecimentos teóricos que estão adquirindo no curso para, de fato, construir um sistema que vai ser aplicado na comunidade e em muitas aplicações. Eles desenvolvem habilidades técnicas e também questões sociais e ambientais, o que é um diferencial para nós enquanto Universidade. A disciplina contextualiza esse viés para que os futuros profissionais se atentem à acessibilidade e demandas das pessoas”, conclui Tibola.