Unochapecó adota descrição de imagens nas postagens do Facebook

#pracegover
Texto Gabriel Kreutz*

 

O recado é direto. Cego pode ver sim, desde que haja descrição da imagem que é postada, para que o software instalado nos aparelhos móveis ou no computador faça a leitura. A #pracegover incentiva que as pessoas escrevam o conteúdo de cada fotografia ou ilustração postada nas redes sociais, tornando o assunto acessível para todos. O projeto foi idealizado pela professora baiana Patrícia Braille e desde o início deste mês a Unochapecó adotou ele em suas postagens no Facebook.

''Este é mais um meio de acessibilidade, pois os leitores de tela que os deficientes visuais utilizam não fazem a leitura de imagens e vídeos nas redes sociais. É um recurso para compreender o que está na imagem, através da descrição, possibilitando que eles se integrem e fiquem por dentro do que foi publicado'', explica a técnica em educação especial da Unochapecó, Juliane Brancher.

A descrição é importante, principalmente quando a imagem traz alguma informação complementar à legenda. ''Também, muitas vezes, as publicações só possuem uma foto, sem descrição, tornando impossível a compreensão pelas pessoas cegas. A descrição é importante para elas entenderem, também, o contexto social em que vivem, como se organiza essa sociedade, para se adaptarem a esta realidade e nós nos adaptarmos a elas'', afirma Juliane.

 

cego verSempre conectada

A estudante do curso de Educação Física da Uno, Eduarda Drevis, desde o início do Facebook, já estava conectada. ''Eu utilizo com mais frequência o WhatsApp, o Facebook e um pouco do Instagram. Logo quando o Facebook e o Instagram foram criados eu comecei a usar. O WhatsApp demorou um pouco mais para começar, mas hoje uso todo dia''.

Graças às tecnologias, através de um software que faz a leitura da tela do celular, ela pode integrar as redes sociais e estar por dentro dos assuntos mais discutidos. ''As vezes é complicado pois as pessoas postam no Facebook que estão vendendo algo por tal valor e colocam só a foto, sem escrever qual é o produto. Também não conseguimos entender quando postam algo e escrevem ‘mais informações na imagem’, sem dizer o que é a imagem'', relata.

Com a iniciativa da #pracegover, Eduarda se diz mais incluída na sociedade, pois poderá participar de discussões que envolvam determinada foto, sem precisar que descrevam para ela. ''Às vezes curtimos uma foto pela legenda e a foto não tem nada a ver. Normalmente as descrições mais completas trazem bastante detalhes. Com isso, ficamos mais a par das coisas e sabemos o que está nas fotos, podemos expressar nossa opinião''.

 

Como descrever

Qualquer pessoa pode realizar a descrição de imagens quando posta nas redes sociais, basta priorizar algumas dicas. “A descrição é bem técnica. Deve-se informar se é fotografia, imagem ou cartoon, descrever se tem algum objeto ou pessoa e falar como é o fundo. Mesmo nós videntes muitas vezes não conseguimos gravar todos os detalhes de uma imagem, por isso a descrição precisa conter as informações principais, para que eles tenham uma ideia do que é a imagem”, conta a técnica de educação especial.

Eduarda também ressalta que as informações não precisam ser tão detalhadas, mas alguns fatores, como as cores, não podem ser esquecidos. “A descrição deve priorizar as informações principais. Por exemplo, uma imagem de uma paisagem que mostra flores e árvores, tem uma pessoa com shorts azul, uma blusa branca, um calçado preto. Ainda, dá para escrever se a pessoa está sorrindo, se está segurando alguma coisa ou se tem expressão”.

Além de priorizar as informações principais, um fator muito importante na hora de descrever as imagens é não utilizar adjetivos. Desta forma, as pessoas que utilizam este recurso podem formar suas próprias opiniões e compartilhar de sua forma.

 

Foto Uno acessível

Além da inclusão nos meios digitais, a Unochapecó prima para que a passagem de todos pela Universidade seja a melhor possível. “A divisão de acessibilidade possui duas técnicas de educação especial e faz todo o acompanhamento das pessoas com deficiência. Não nos preocupamos apenas com a chegada do estudante, mas com a permanência e o sucesso dele. Oferecemos também orientação mobilidade, ou seja, fazemos o caminho com eles até a sala de aula, que é o lugar que o estudante mais frequenta”, esclarece Juliane.

Para as pessoas cegas, paredes e portas convencionais são consideradas barreiras. Pensando nisso, as portas principais do bloco A foram substituídas por portas automáticas, tornando acessível para todos. A explicação do que é o monumento em homenagem aos 100 anos de Chapecó, instalado recentemente no Jardim das Artes, também está acessível em libras. “Ainda, adaptamos os materiais didáticos encaminhados pelos professores para serem acessíveis ao software de leitura utilizado por eles, fizemos a descrição de imagens utilizadas pelos professores em aula. Somos uma ponte entre os estudantes e cursos”, conclui a técnica.

 

*Jornalista do Núcleo de Produção de Conteúdo (NPC) - Unochapecó

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